Depois de anos sendo um pop culture junkie, finalmente resolvi canalizar minhas energias em algo útil (assim, dependendo da sua perspectiva). Esse blog tem, portanto, o objetivo de documentar quem está causando na cultura pop mas não comentando do óbvio e sim antecipando tendências e o que está por vir. E-mail me @ tacausando@gmail.com. Mais sobre a nossa proposta.

domingo, 17 de outubro de 2010

Causando na França: Sexion d'Assaut



Muito diferente do que o estereótipo da França sugere, a música urbana e a cultura de rua são extremamente fortes no país. Rap e hip-hop são os gêneros musicais mais populares por lá e a rádio mais ouvida de Paris, a Skyrock, se dedica exclusivamente a música urbana.


No momento, a grande revelação da música francesa é o grupo Sexion d'Assaut, formado por oito jovens, filhos de imigrante, criados nos suburbios de Paris. Depois de 8 anos de preparação e muitos EPs e mixtapes, o Sexion finalmente lançou seu primeiro CD, L'école des Points Vitaux (A Escola dos Pontos Vitais, uma referência ao mangá e anime Hokuta no Ken) em março desse ano. O álbum estreou dentro do top 5, dando origem a vários singles extremamente bem-sucedidos e alcançando, em questão de meses, disco de platina, por mais de 300 mil cópias vendidas.

Os raps do Sexion tratam de temas típicos do rap francês: protestos contra a direita e relatos sobre as dificuldades encontradas pela classe trabalhadore e os imigrantes nos grandes centros urbanos da França.

O primeiro single do CD, Desoleé (Desculpa), é um dos maiores sucessos do ano no país:



No Facebook, o Sexion tem 1.5 milhões de fãs. Isso faz deles os artistas franceses mais populares no maior site de mídia social do planeta.

Claro que todo esse sucesso veio com seu fair share de polêmica. A maior delas foi as declarações de Lefa, um dos membros do grupo, para a edição de junho da revista Hip-Hop. "Nós somos homofóbicos e achamos que relacionamentes homossexuais não são aceitáveis. Mas resolvemos parar de difundir isso nas nossas músicas", ele afirmou.

A entrevista repercurtiu enormemente e, via Twitter, o grupo as desmentiu, afirmando que o jornalista tinha tirado a fala de contexto. O reporter, porém, afirmou ter tudo gravada, o que obrigou o grupo a se desculpar publicamente.

Além de uma coletiva de imprensa e reuniões com diversas associações GLS, Lefa enviou um comunicado aos veículos de imprensa afirmando não ser homofóbico e dizendo que, por ter crescido em ambientes cheios de ignorância e machismo, "ele usou a palavra sem pensar no real significado dela".

Mesmo assim, o estrago já estava feito: a NRJ, a maior rádio da França, com sinal para todo o país, suspendeu o acordo promocional que eles tinham com o grupo e baniu a música do Sexon de suas emissoras. Além disso, shows em várias cidades (Clermont-Ferrand, Strasbourg, Saint-Etienne, Marseille, Nancy, Angers, Le Mans, Caen, Guivapas, Saint-Cyr sur Loire) foram cancelados.

Ainda está muito cedo para saber se o estrago foi permanente. Porém, polêmicas aside, a música deles foi, sem a menor duvida, presença obrigatória nos iPods dos jovens franceses ao longo desse ano.


Wati by Night - Sexion d'Assaut


VMAs 2010


Toda trabalhada nos statements, Gaga chega a premiação homenageando McQueen e protestando contra o Don't Ask, Don't Tell.

Pois é, gente, eu sei que esse post tá um mês atrasado mas eu ando ocupado e só deu para escrever agora, quando todo mundo já está mega over os VMAs (incluindo eu). Mas tudo bem, antes tarde do que nunca.


Para começar, o pré-show foi o pré-show mais visto da história dos VMAs. Graças a quem? A Nicki Minaj, é claro. Minaj fez sua primeira performance solo no programa que antecedeu a premiação e, por mais decepcionante que tenha sido, foi o suficiente para atrair bastante gente. Minaj prova, mais uma vez, que ela é uma das maiores estrelas do momento.



A grande estrela da noite foi, obviamente, Lady Gaga. Além de abocanhar quase todos os prêmios -- inclusive Video of the Year --, ela causou enorme sensação com suas trocas de roupa. Ela chegou ao evento vestida com a ultima coleção do Alexander McQueen, genial estilista que se suicidou no começo do ano (e que fez o styling do clipe de Bad Romance) e, como protesto contra o Don't Ask Don't Tell (que proíbe homossexuais de servirem no exército), acompanhada de soldados que foram expulsos do exército por causa de sua sexualidade. Mas foi o seu vestido feito de carne, que ela usou enquanto aceitava o principal prêmio da noite, que foi manchete em todo o planeta no dia seguinte ao evento.



Eminem também foi bastante prestigiado ao longo da noite. Ele abriu o show (algo reservado apenas para os maiores) e ganhou todos os prêmios pelo qual estava indicado (com a exceção de Video of the Year). Em, o artista que mais vendeu na última década passada, continua no topo: seu novo CD, Recovery, é o mais vendido do ano até o momento e Love the Way You Lie, seu dueto com Rihanna, é o maior hit de 2010.



O momento que Kanye West interrompeu o discurso de agradecimento de Taylor Swift no ano passado virou um dos momentos mais icônicos da cultura pop nos últimos anos. E, os VMAs desse ano, foram a "conclusão" disso tudo: num dos momentos mais vergonhosos da noite, Taylor Swift cantou a música que ela escreveu para Kanye, Innocent. A canção estará em em seu próximo CD, Speak Now.

Fechando a noite, Kanye subiu no palco para uma grandiosa performance de seu novo single, Runway. A apresentação foi a "redenção" do rapper perante ao grande público e foi extremamente aplaudida.

A performance foi apresentada pelo comediante Aziz Ansari que deixou claro a posição da MTV: Team Kanye.



Além de Eminem, Kanye e Taylor, se apresentaram também Usher (cuja performance foi bastante boa), Justin Bieber, Linkin Park (direto do observatório de Los Angeles), o novato B.o.B., Paramore, Drake e Florence & the Machine.

Florence, alias, foi considerada unânimamente a melhor performance da noite. A apresentação, que foi seu grande lançamento no mercado estado-unidense, fez com que o single The Dog Days Are Over fosse catapultado para o top 5 das músicas mais vendidas no iTunes e alcançasse o top 10 do Billboard Hot 100.



A apresentadora foi Chelsea Handler. A comediante é extremamente popular entre o publico jovem estado-unidense graças aos seus livros de crônica, todos best-sellers, e seu talk show Chelsea Lately, exibido no E!, onde ela zomba da cultura pop.

Como fã de Chelsea, eu super aprovei a performance dela como apresentadora. A imprensa americana, porém, não concordou comigo, com o New York Times chamando ela de uma das "piores apresentadoras da história da premiação" (um gigantesco -- e injusto -- exagero).

Os VMAs desse ano foram, na minha opinião, bastante solidos: as performances foram boas e a produção foi bastante caprichada (o set design foi extremamente elogiado). Porém, uma coisa fez bastante falta: drama.

Entre os apresentadores, o elenco de Jersey Shore, Nicki Minaj, Katy Perry, Ke$ha, zilhões de celebridades promovendo seus filmes e, claro, Cher, entregando o grande prêmio para Gaga, num momento que fez gays do mundo inteiro infartarem.


Cher entrega o prêmio de Video of the Year para Gaga

A premiação desse ano foi a emissão mais vista da MTV em oito anos (graças, claro, a toda a controvérsia em torno dos VMAs do ano passado). Mais de 11 milhões de telespectadores assistiram a premiação.

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